Na ansiedade que faz parte da minha vida, depois de anos um tanto controlada (um tanto, tudo bem!), comecei a ler "É Sagrado Viver" do meu amado Padre Fábio. Confesso que fui surpreendida pelo livro... na verdade, desde o meu MARAVILHOSO "Tempo de Esperas" que mais de um ano depois, ainda presenteio amigas, pessoas queridas, sempre compro os livros de Padre Fábio esperando algo do tipo. É ótimo que os livros deles são completamente diferentes um do outro, mas a minha paixão e encantamento por Tempo de Esperas é tão grande que fico na expectativa em ser agraciada com outra leitura ao menos, parecida... mas tudo bem.
É Sagrado Viver veio para mim como se fosse algo relacionado à Deus, mas não, é um Padre Fábio que eu não conhecia (como se eu conhecesse ele profundamente, quem dera! rs). São histórias da sua vida misturada a outras histórias, relatadas naquele livro tão forte e ao mesmo tempo, LINDO! Um Padre Fábio humano, homem, criança, adolescente... histórias de sua vida "pobre" mas, feliz! Histórias que podem pertencer a cada um de nós, não tem como não se identificar com ao menos, uma delas.
A história que me marcou (é, estou a apenas duas histórias do final do livro) chama-se "Olhar devagar", segue trecho:
"... Olhar apressadamente dificulta o crescimento do amor. Só a calma da contemplação nos faz perceber o que as palavras não contam. A intimidade se constrói com os olhos. Quando não existe, ainda que o outro esteja ao lado, nós o perdemos de vista.
O poeta já dizia que o silêncio só é insuportável àqueles que se amam. É verdade. Podemos medir o quanto somos íntimos é depois que já esgotamos nossas falas. Se depois das palavras o assunto não continuar nos olhos, então estamos longe de sermos íntimos. A intimidade é fruto do muito observar. E ser íntimo é desenvolver uma linguagem em que não cabem equívocos. Você tem até o direito de dizer que não entendeu nada do que o outro lhe disse, mas jamais poderá dizer que não entendeu o jeito como ele olhou para você. Os olhos não mentem." - É Sagrado Viver, pág.120.
Tem uma outra parte que achei tão bela quanto essa, ainda da mesma história, mas vou postar por dia pra não ficar ainda maior o meu texto.
Ontem eu comentava com um amigo como a intimidade é f... detalhes de vocês dois que só o outro tem acesso, situações muito íntimas que só o outro tem o poder e espaço de compartilhar. São situações que te mostram o quanto aquela pessoa te conhece e é importante pra ti. Isso me faz querer estar perto, sentir, dividir e tudo o mais porque a intimidade na sua totalidade, é para poucos, não tenho dúvida.
O olhar devagar está exatamente nesse meio, no momento em que você olha e sente o acontecimento, você começa a fazer parte dele, a querer fazer parte dele pois no momento em que você olha mas não vê, é porque aquele acontecimento não te interessa. É engraçado que a vida é exatamente dessa forma, se você não se interessa pelo fato, ainda que seja legal, você não vai "olhar devagar", não adianta!
Os olhos não escondem o sentimento que você talvez não queira aceitar, queira mudar, ou qualquer outra coisa. Os olhos não tem como mentir, acho que é por isso que gosto e aprecio tanto o "olho no olho" porque ali, sei que terei a resposta verdadeira, ainda que os lábios não se movam e o corpo não consinta.